Coincidentemente, o período
conhecido como "Renascença" ("rinascita"), entre fins do
século XIV (1360) e início do século XVII (1640), que teve como seu ícone o gênio
Leonardo da Vinci (1452 — 1519), marca também o renascimento da Astronomia.
Depois de um período sem muita criatividade marcado pela Idade Média, entre os séculos V e XV, ou entre a queda do Império Romano no Ocidente e a transição para a Idade Moderna, a astronomia, juntamente com várias outras ciências ganha novo alento no período do Renascimento, que testemunhou evoluções consideráveis em todas as áreas.
Todo esse desenvolvimento no entanto, ocorreu num período de pouquíssima liberdade. A Igreja Católica dominava fortemente o pensamento da época. As artes e a ciência passavam pelo crivo de seus censores. Cientistas como Copérnico e Galileu apresentaram suas ideias, e sofreram por causa delas, nesta época. Alguns como Giordano Bruno foram executados na fogueira por apresentarem interpretações científicas diferentes daquelas apoiadas pela Igreja Católica.
Entre tantos outros, os principais personagens, aquelas que mais influenciaram na evolução da astronomia nesse período, foram:
No século XIV (1301-1400), alguns
personagens que se destacaram foram:
Abū al‐ʿUqūl – um importante astrônomo em
Ta'izz, onde foi o primeiro professor de Astronomia em meados do século XIV.
Ele ficou conhecido por compilar a maior tabela de dados astronômicos a
respeito dos corpos celestes sobre uma latitude específica, com mais de 100.000
entradas. Também conseguiu determinar a latitude de Ta'izz como 13° 37' (hoje
sabemos que é 13° 35').
Immanuel Bonfils (1301 — 1377)
– que em
1365, publicou as tabelas astronômicas "Seis Asas", que incluía dados
para o cálculo do calendário judeu, sendo usados até o século XVII.
ibn Muḥammad al-Khalīlī (1320 — 1380) – um astrônomo sírio que
compilou várias tabelas para uso astronômico em Damasco.
Ibn al-Shatir (1304 — 1375) – um astrônomo muçulmano que
trabalhou em Damasco e conduziu observações extensas que levaram a
contribuições teóricas importantes. projetou e construiu novos instrumentos e
fez contribuições avançadas para a astronomia islâmica.
Mahendra Sūri – um
astrônomo indiano de meados do século XIV que ficou famoso por publicar o
primeiro tratado em sânscrito sobre o astrolábio.
Os fundadores da astronomia moderna
Os fundadores da astronomia moderna
Nos séculos XV e XVI (1401-1600) vieram as grandes realizações na astronomia e seus principais personagens:
Nicolau Copérnico (1473 — 1543)
A quem devemos a primeira formulação rigorosa do sistema heliocêntrico.
Tycho Brahe (1546 — 1601)
Que foi o responsável pela maior quantidade e as mais precisas observações astronômicas jamais realizadas até o século XVI (1501-1600).
Já a partir do século XVII (1601-1700),
destacaram-se:.
Johannes Kepler (1571 — 1630)
Johannes Kepler (1571 — 1630)
Cujo grande legado foram as três leis que governam o movimento planetário. Em 1604, Kepler descobre uma supernova na constelação Ophiuchus.
Galileu Galilei (1564 — 1642)
Que afirmou definitivamente a matemática como a linguagem da Natureza, e em 1609, usou pela primeira vez uma luneta, que ele mesmo construiu, e aperfeiçoou para propósitos astronômicos, descobrindo os quatro maiores satélites de Júpiter, as crateras da Lua e constata o número impressionante de estrelas da Via Láctea.
E já no início do século XVIII (1701-1800),
no período chamado pós renascentista, veio o trabalho de Newton.
Isaac Newton (1642 — 1727)
Isaac Newton (1642 — 1727)
Newton trabalhou intensamente em problemas relacionados com a ótica e a natureza da luz entre 1670 e 1672, demonstrando sua decomposição por meio de um prisma. Como resultado de todo esse estudo, construiu o primeiro telescópio refletor (em 1668) para evitar a, hoje denominada, "aberração cromática", à qual qualquer telescópio "refrator" está sujeito.
Newton formulou a lei da gravitação universal e as conhecidas "três leis de Newton" que fundamentam a mecânica clássica em 1687.
Esses cinco personagens revolucionaram a Astronomia, a Física e por extensão toda a ciência, mudando a face do Mundo em níveis que continuam se alastrando até os dias atuais.
Outros destaques
Vale destacar alguns outros importantes personagens desse período ligados à astronomia:
Em 1595, David Fabricius descobre uma estrela variável de longo período na constelação Cetus. Esta estrela hoje é conhecida como Mira Ceti.
Em 1603, Johann Bayer publica o seu catálogo estelar "Uranometria". Ele introduz a chamada "designação Bayer", sistema que associa letras gregas às estrelas e que é amplamente usado até hoje.
Em 1608, Hans Lippershey (1570 — 1619), um fabricante de óculos holandês, solicitou a patente de um "instrumento para ver coisas distantes como se elas estivessem perto", ou seja: uma luneta. Devido ao fato de outro fabricante holandês (Jacob Metius) ter solicitado a mesma patente poucas semanas depois, a patente não foi concedida a nenhum deles, mas relatórios e especificações desse artefato foram distribuídos por toda a Europa, permitindo que vários outros cientistas fizessem seus experimentos com esse dispositivo, como os italianos Paolo Sarpi e Galileo Galilei, e o inglês Thomas Harriot.
Em 1611, por intermédio do grego Giovanni Demisiani, surge o termo "telescópio" (dos termos gregos: "tele" – longe + "skopein" – ver), para designar uma versão do aparelho apresentada por Galileu durante um banquete em comemoração à sua admissão na "Accademia Nazionale dei Lincei” em 1611.
Nota: nos dias de hoje, em português, o termo "luneta", é mais usado para designar os instrumentos óticos de aproximação de imagens terrestres (ou marítimas) baseados em refração, enquanto o termo "telescópio", é mais usado para instrumentos de aproximação de imagens de qualquer tipo (óticos refratores, óticos refletores, óticos catadióptricos, de radiação, de ondas de radiofrequência, etc.) dedicados especificamente à observação dos corpos celestes.
O Mártir da Astronomia
Giordano Bruno (1548 — 1600)
Esse é um personagem que merece destaque especial. Apesar de não ser astrônomo, foi Giordano Bruno quem revolucionou o sistema proposto por Copérnico, apresentado a concepção de um sistema heliocêntrico aberto e ilimitado, sendo o Sol apenas uma de outros milhares de estrelas. Por essa “ousadia” e a divulgação obstinada de suas ideias, Giordano Bruno pagou com a vida, sendo executado numa fogueira em 1600.
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