sexta-feira, 3 de outubro de 2014

A pré-história da astronomia

Este é o período da observação eventual e da admiração do céu, entre 3.000 a.C. e 700 a.C.

Como se sabe, o homem existe na Terra a cerca de 500.000 anos. Vamos admitir que ele começou a ter a percepção do céu e dos astros a apenas 10.000 anos, período conhecido por aqui como “a era Raul Seixas”, vamos admitir portanto, que a cerca de 10.000 anos o ser humano começou a perceber a importância do Sol e da Lua nos seus afazeres diários, e com o passar do tempo, começou a usar essa percepção para ajudar no seu processo de sobrevivência naquele ambiente hostil.

A história da Astronomia está portanto, intimamente ligada à história do próprio Homo Sapiens, enquanto espécie capaz de estruturar sociedades e de construir conhecimento a partir da transmissão de informações de uma geração para outra.


É uma conclusão óbvia, que o Sol tenha sido o primeiro corpo celeste que manifestou interesse do homem. Afinal, é ao Sol que se deve a totalidade da existência vegetal e grande parte da existência animal no planeta que hora habitamos.

A segunda conclusão é que a Lua foi em seguida admirada, pois a alternância entre dia e noite caracterizava as atitudes do ser humano naquelas épocas remotas. À noite ele se abrigava em cavernas e de dia se aquecia ao Sol. Em noites de Lua cheia, ele eventualmente se aventurava fora das cavernas enquanto não havia descoberto o fogo para lhe iluminar os caminhos.

Apenas muitos milênios depois é que o homem se deu conta da presença das estrelas no céu, e que elas podiam orientá-lo nas suas caminhadas noturnas.

Logo depois disso, inicia-se o período da observação regular do céu, do registro e utilização dessas informações e também da reverência aos astros.
 


Essa fase da astronomia, teve início a cerca de 3.000 anos atrás, quando surgiram os primeiros registros e instrumentos astronômicos que se tem notícia. Mesmo nômades, os povos daquele período já haviam desenvolvido habilidades agrícolas, criavam animais para a obtenção de leite e carne e navegavam pelas estrelas. Além disso, alguns desses povos já manifestavam as suas crenças em divindades, e iniciaram a associação destas com os astros visíveis no céu.

Existem alguns exemplos em que é clara a associação de corpos celestes aos artefatos confeccionados por culturas pré-históricas. Por exemplo, foram encontradas máscaras em que é clara a integração de elementos celestes nas mesmas; esse tipo de associação continua patente em muitas tribos primitivas atuais


Essas tradições estão ligadas aos povos chineses, mesopotâmicos, babilônicos e mais recentemente, os gregos e egípcios. Sendo assim, desde essa época, os astros eram estudados com objetivos práticos, como: medir a passagem do tempo (criando calendários), prever a melhor época para plantar e colher, e também previsões do futuro, pois visto que eles não tinham conhecimento das leis da natureza, e que os astros representavam seus deuses, a sua disposição no céu poderia dar indícios do que estava por acontecer.


Boa parte dos nomes, significados e lendas sobre as figuras formadas pelas estrelas tem origem na Babilônia. Segundo alguns, a lendária Torre de Babel, seria um misto de templo e observatório. Entre esses povos antigos cabia aos sacerdotes acumular os conhecimentos astronômicos e saber se os astros estavam “propícios” à determinada atividade e a interpretação do “destino”. Nascia assim a Astrologia.


Em várias partes do Mundo, evidências de conhecimentos astronômicos muito antigos foram deixadas na forma de monumentos megalíticos: sendo um dos mais antigos, se não o mais antigo deles, o de Newgrange na Irlanda, que na verdade é um conjunto de postos e instrumentos de observação esculpidos construído por volta de 3200 a.C. e depois dele o monumento de Stonehenge, na Inglaterra, bem mais simples, que data de 3000 a 1500 a.C.


Os egípcios por outro lado, não deixaram muitos registros de interesse pela astronomia, apesar das pirâmides construídas entre 2627 e 2530 a.C., possuírem muitas características que podem ser associadas a dados astronômicos, um "catálogo do universo", compilado bem mais tarde, por Amenhope por volta de 1100 a.C., lista apenas cinco constelações, das quais duas podem ser identificadas como Orion e Ursa Major, e nem mesmo menciona Sírius ou cita qualquer planeta.

Desse período, desde aproximadamente 2850 a.C., o maior legado dos egípcios foi o seu calendário, que apesar de impreciso para os dias de hoje, já fazia uso de um ano de 365 dias, dividido em 12 meses, cada um com trinta dias, o que gerava uma “sobra” de 5 dias que fazia com que o calendário civil dos egípcios não coincidisse com o calendário solar. Seriam necessários ciclos de 1460 anos pare que o calendário civil dos egípcios coincidisse com o calendário solar.


No entanto, tão logo os egípcios estabeleceram um calendário mais preciso eles, aparentemente, perderam todo o interesse no desenvolvimento da astronomia. Sua maior preocupação passou a ser verificar dados já estabelecidos e observar os nascimentos heliacais de Sírius (o primeiro nascimento de Sírius). Nem mesmo os movimentos e fases lunares os interessavam, pois os dados até então obtidos já os haviam permitido construir relógios solares para observar o tempo de dia e relógios de água para marcar o tempo durante a noite.

O próximo período que iremos estudar é o que trata do nascimento da ciência da astronomia propriamente dita.


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